Já houve um tempo em que acreditava no conhecimento, na cultura, procurava erudição, parecia ser o caminho para ser sábio, entender o mundo, escolher o melhor, chegar próximo à perfeição. Mas neste caminho acabei por perder o rumo, não sei bem como começou, era tudo muito fácil, aprender, entender e progredir, sobretudo a idéia de tornar-me um ser humano melhor mais capaz e lúcido.
Porém, parece mesmo que não podemos viver entendendo a vida, ela não é um acontecimento para ser apreendido, mas ser sentido. Perdi-me na racionalidade ou quando comecei acreditar na racionalidade da vida, como forma de progressão de meu espírito, só muito tempo depois percebi, o que nos faz ser, seres melhores é a afetividade, só existe troca verdadeira, quando estamos dispostos a nos entregar ao momento.
Nos campos das idéias se dá oposto, não podemos nos entregar a elas, devem ser vista com desconfiança, critérios e exatidão. Como é possível que a ciência e o conhecimento a respeito do mundo, da vida, nos afaste do sentimento, ou mesmo sentido da vida?
Parece mesmo que a verdadeira sabedoria é ser capaz de conciliar, esses dois extremos, o exercício de fato de nossa existência com a capacidade de entendimento do fato de nossa existência. Uma contradição sem dúvida, pelo que pude perceber, tarde demais, é que somente pela entrega afetiva tal união de universos poderiam ser feito.
Proceder assim é quase uma arte, da qual não temos o controle, pois vários fatores convergem para que sejamos capazes ou não de realizar essa união. Percebi tarde demais que não poderia fazer uma escolha racional, dado que a formação de uma personalidade, não se dá através delas. O caminho que nos leva até um ponto qualquer de nossa existência, não é algo que possa ser pensando, dirigido, de forma a obter essa verdadeira sabedoria.
Portanto, ser sábio não é uma questão de simples obtenção de conhecimento e cultura, mas ser capaz de conciliar eles, com experiência de vida afetiva, todo conhecimento tem limites, como toda a experiência, ser sábio é conhecer estes limites, sabendo que uma vez ultrapassados não poderemos mais voltar atrás, como a perda da inocência, é um fato único, uma vez cruzado o portal, não mais teremos retorno, e ao que tudo indica foi o que fiz, como todo estúpido que pensa ser sábio.
Deste modo, perdi por completo o prazer em viver, porque percebo o momento antes de ocorrer, viver depois da quebra do mistério, é existir de forma indireta, como se estivesse controlando uma marionete de mim mesmo, num palco em que não sou o diretor, nem o autor da peça, apenas passei a ser um membro da platéia que já sabe o fim da peça, antes mesmo dela começar.
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