Prólogo

Gostaria de explicar, ao menos entender porque comecei a escrever poesia ou algo do gênero, e como tudo começou. Minhas lembranças me levam, antes mesmo de minha adolescência, independente da minha vontade, parece ser tudo coisa da estupidez do momento ou obra do acaso. Como explicar a vida ou uma existência?

Também não se trata de um dom, escrever como faço é mais um tipo de compulsão, esta aqui é a minha. Assim, convido o leitor a tentar entender minha viagem de vida, meus pensamentos, delírios e outras loucuras próprias. O que procurava? Nem sei, mas não consigo viver sem pensar, sentir sem registrar tudo em algum lugar, o transcrito aqui é o transbordar da minha individualidade, além do suportável por ela.

Se é possível definir o que faço, o leitor verá como o lirismo, o romantismo, o niilismo e a inocência perdida se fundiram de tal forma, tornando um ser perdido e apartado do momento. Minha energia se foi, e o Universo que a tenha em bom lugar. Decidi que esse momento era o propício para iniciar este projeto, não me perguntem porque, não tenho esta resposta no momento.

Os textos postados aqui são de minha autoria , não estão em ordem cronológica, mas conforme os postarei aqui. Sempre assinei meus textos com o pseudônimo "EU". Nem tudo será poesia, nem tudo será coerente ou sábio. Afinal, posso ser tudo, menos sábio...

EU

sábado, 21 de abril de 2007

No Inferno

Tem gente que passou somente uma temporada no inferno, e deixou de escrever, queria ser ele, porque passei minha vida toda nele, parte sem saber, parte sabendo, nunca consegui entender, porque de tal destino. Havia feito algo de tão errado assim? Para ter nascido e vivido toda minha vida ali.

Resolvi buscar respostas, pensei, ninguém melhor para saber meu destino que o Príncipe das Trevas, Satã em pessoa, fiquei procurando anos a fio, os mais distantes deles diziam que ele estava logo ali; é fácil encontrá-lo, porém, os mais próximos dele, nada sabiam ou falavam; não é possível falar com ele, ou mesmo vê-lo. Pois como era uma entidade, encarnação do próprio mal, não poderia ser corpório, apenas um ente reinante. Engraçado, já ouvi falar isto pela boca de outros, que não moravam no festim diabólico.

Pensei, então, seria como o mal, a desgraça, algo indistinto, que as pessoas só aderem a eles, porque são humanas, vivem, e vivem para si próprias, e como todo mal é antes de tudo egoísta, egocêntrico e hipócrita, quando assim agimos, temos que ludibriar os outros em nossa volta, pôs todo o grande mal é secreto, feito em segredo, o poder maléfico é antes de tudo sorrateiro, uma má intenção, um objetivo cruel, egoísta ou mesquinho, é sempre camuflado por discursos e atos nobres.

Nenhum príncipe, nenhum idealista, nenhum amante faz maldades, eles agem em nome do bem geral, do amor, dos ideais nobres, afinal, todos são salvadores da humanidade, mesmo que a coitada nunca quisesse salvadores! Eles aparecem aos milhares, como os santos, o céu deve está apinhado deles. Aí pensei talvez por isto não podia viver lá, o céu está cheio, afinal, todos são bons, todos adoram o bem, o amor e o praticam de forma diária.

Parece que me lembrei de Fernando, o Pessoa, então eu sou o único egoísta, egocêntrico, fazedor de maldades, enquanto todos os outros estão cuidando de salvar a humanidade, e engrandecer o espírito humano, fica um ser insignificante se perguntando porque passa sua vida no inferno. Estava lá porque merecia!

Mas voltei meus pensamentos de novo, e refleti, hora, se quem pratica o chamado bem, não é o mesmo que se diz bondoso, como poderia saber, afinal, quem era o bom e o mal? Ou melhor, o bem e o mal. Poderia estar enganado? Ou não haveria, no fundo, diferença entre as duas entidades, apenas, dependeria do ponto de vista, que olhássemos o prisma, faces da mesma moeda.

Indo um pouco além, intuí que a diferença entre os pecadores e os outros, é que os primeiros assumiam o que faziam, o que queriam fazer, sem se preocupar com os outros, camuflando seus vícios e defeitos, aparentando qualidades que nunca tiveram, foi aí que descobri porque passei minha vida inteira no inferno! Para tal bastava ter consciência, ter incertezas e passar a vida pensando nelas. Eis companheiro bem vindo ao inferno! Mas estou em boa companhia afinal gente como Rimbaud, já passou por aqui, outros vivem a séculos aqui, como um tal de Dante.


Eu

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