Prólogo

Gostaria de explicar, ao menos entender porque comecei a escrever poesia ou algo do gênero, e como tudo começou. Minhas lembranças me levam, antes mesmo de minha adolescência, independente da minha vontade, parece ser tudo coisa da estupidez do momento ou obra do acaso. Como explicar a vida ou uma existência?

Também não se trata de um dom, escrever como faço é mais um tipo de compulsão, esta aqui é a minha. Assim, convido o leitor a tentar entender minha viagem de vida, meus pensamentos, delírios e outras loucuras próprias. O que procurava? Nem sei, mas não consigo viver sem pensar, sentir sem registrar tudo em algum lugar, o transcrito aqui é o transbordar da minha individualidade, além do suportável por ela.

Se é possível definir o que faço, o leitor verá como o lirismo, o romantismo, o niilismo e a inocência perdida se fundiram de tal forma, tornando um ser perdido e apartado do momento. Minha energia se foi, e o Universo que a tenha em bom lugar. Decidi que esse momento era o propício para iniciar este projeto, não me perguntem porque, não tenho esta resposta no momento.

Os textos postados aqui são de minha autoria , não estão em ordem cronológica, mas conforme os postarei aqui. Sempre assinei meus textos com o pseudônimo "EU". Nem tudo será poesia, nem tudo será coerente ou sábio. Afinal, posso ser tudo, menos sábio...

EU

domingo, 29 de abril de 2007

Tormento

Vento que sopra
entre as trevas da noite
me acalenta
e leva todas as dores do mundo
que sem saber eram minhas.

Sopra e dista
este louco que existe dentro de mim.
Ser alucinado, drogado, criativo, um doido varrido.
Não sei mais viver com ele
este sem fim derretido de mim.

Que um tornado expulse minhas sombras
deixando minha pele alva novamente.
Desgraçados, malditos seres perdidos em mim.
Que os ventos levem o negro noturno
permitindo mais um segundo de sossego.

Tudo, tudo, menos esta calmaria,
os ventos que a tomem de mim,
e deixem meus restos espalhados pelo chão.
Até que reste apenas um monte disforme de ossos
E assim o tormento chegará a um fim...

Eu

sábado, 21 de abril de 2007

No Inferno

Tem gente que passou somente uma temporada no inferno, e deixou de escrever, queria ser ele, porque passei minha vida toda nele, parte sem saber, parte sabendo, nunca consegui entender, porque de tal destino. Havia feito algo de tão errado assim? Para ter nascido e vivido toda minha vida ali.

Resolvi buscar respostas, pensei, ninguém melhor para saber meu destino que o Príncipe das Trevas, Satã em pessoa, fiquei procurando anos a fio, os mais distantes deles diziam que ele estava logo ali; é fácil encontrá-lo, porém, os mais próximos dele, nada sabiam ou falavam; não é possível falar com ele, ou mesmo vê-lo. Pois como era uma entidade, encarnação do próprio mal, não poderia ser corpório, apenas um ente reinante. Engraçado, já ouvi falar isto pela boca de outros, que não moravam no festim diabólico.

Pensei, então, seria como o mal, a desgraça, algo indistinto, que as pessoas só aderem a eles, porque são humanas, vivem, e vivem para si próprias, e como todo mal é antes de tudo egoísta, egocêntrico e hipócrita, quando assim agimos, temos que ludibriar os outros em nossa volta, pôs todo o grande mal é secreto, feito em segredo, o poder maléfico é antes de tudo sorrateiro, uma má intenção, um objetivo cruel, egoísta ou mesquinho, é sempre camuflado por discursos e atos nobres.

Nenhum príncipe, nenhum idealista, nenhum amante faz maldades, eles agem em nome do bem geral, do amor, dos ideais nobres, afinal, todos são salvadores da humanidade, mesmo que a coitada nunca quisesse salvadores! Eles aparecem aos milhares, como os santos, o céu deve está apinhado deles. Aí pensei talvez por isto não podia viver lá, o céu está cheio, afinal, todos são bons, todos adoram o bem, o amor e o praticam de forma diária.

Parece que me lembrei de Fernando, o Pessoa, então eu sou o único egoísta, egocêntrico, fazedor de maldades, enquanto todos os outros estão cuidando de salvar a humanidade, e engrandecer o espírito humano, fica um ser insignificante se perguntando porque passa sua vida no inferno. Estava lá porque merecia!

Mas voltei meus pensamentos de novo, e refleti, hora, se quem pratica o chamado bem, não é o mesmo que se diz bondoso, como poderia saber, afinal, quem era o bom e o mal? Ou melhor, o bem e o mal. Poderia estar enganado? Ou não haveria, no fundo, diferença entre as duas entidades, apenas, dependeria do ponto de vista, que olhássemos o prisma, faces da mesma moeda.

Indo um pouco além, intuí que a diferença entre os pecadores e os outros, é que os primeiros assumiam o que faziam, o que queriam fazer, sem se preocupar com os outros, camuflando seus vícios e defeitos, aparentando qualidades que nunca tiveram, foi aí que descobri porque passei minha vida inteira no inferno! Para tal bastava ter consciência, ter incertezas e passar a vida pensando nelas. Eis companheiro bem vindo ao inferno! Mas estou em boa companhia afinal gente como Rimbaud, já passou por aqui, outros vivem a séculos aqui, como um tal de Dante.


Eu

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Brilhante

E se tudo for loucura?
Que ao menos seja pura.
E se tudo for decadente?
Que seja de forma brilhante
e indecente.

Por um instante
tão distante
eu me vi brilhante
que num instante
ficou distante.

Eu

sábado, 14 de abril de 2007

Carta

Sou como o Universo,
sempre estive ali,
sempre vou existir para você,
represento o que de mistério a vida ainda pode ti levar,
entre o amanhecer e o por do sol,
entre o teu sonhar e o mundo do teu prazer.

Sou como cada segundo que não pertence a você.
Um fundo de céu,
como a paisagem que te cerca e acalenta cada temor,
cada sonho seu.

Quero me afastar de você,
tanto como quero que a vida me leve para qualquer lugar,
queria que fosse para longe de você.
Já pus nisso decisão, loucura, ato, força.
Mas você parece não querer,
gosta de arranhar minha loucura
como se fosse sua própria pele.
Você parece gostar de me ver sangrando
e de fazer o mesmo com você.

Eu sei que o mundo do teu sentir, me pertence,
mas teu sentido assim me faz sangrar,
minha alma ao lado de você cospe seu último limiar de vida.
Desfazendo-me assim só vou conseguir ti alimentar por mais alguns instantes.

Entre, o não conseguir dormir,
o não conseguir me alimentar de mais nenhum outro sonho,
esbarro com seu ser.
Algo como flutuar entre teus pensamentos,
sabendo de cada suspirar seu.
Já ti disse não conseguirei viver entre a loucura de ti ter
e o sonho de nunca mais ti ver.

Deixe-me, ou cuida de mim,
vive comigo ou me solte para ter minhas últimas viagens de vida.
Ficarei em paz se não olhar mais para você,
tanto quanto não conseguirei mais respirar.
O levantar do sol me avisa que existe um corpo em mim,
meu ser é mortal, por mais que perto de você
ele se esqueça disso.

Sem poder agir, sem poder fugir, sem querer fingir. Estou aqui.
Pode ser que seja ti esperando,
pode ser que seja desesperando,
pode ser que nem seja,
que nem eu mesmo saiba,
se tudo é mero acaso de ainda continuar ti amando...

Eu

terça-feira, 10 de abril de 2007

Ser Plural


Ser plural como o universo
Ter cada paixão
como se fosse a última
Ter na loucura
um bicho de estimação
Ter na cabeça
somente a idéia de fazer você feliz.

Girar e voltar a cada sentimento
Ter somente o desespero
como o único companheiro
Ter na mente algo inteiro
como única saída
Ter perdido tudo
mas não ligar para isto.

Já tive tudo um dia
Agora, estou distante
Queria algo de mim
de você, de todos
quem sabe
nem você saberia o que seria.

Eu

domingo, 8 de abril de 2007

Aniversário


É dia
e a luz oblíqua
morre virgem
na parede nua.

É dia
e a brisa envolve
a cortina em balanços leves
como dois amantes
sol e lua.

É dia
que a cor parece pura
traços soltos e vistos
por quem almeja
sua sombra em luz.

É dia
e os pássaros
voltaram a cantar
para se verem livres
de seu algoz humano.

É dia
e mais velha um dia você vai ficando
e se perdendo em mais um ano
vai se encontrando.

Na imagem refletida por seu espelho
marcando tão bem a passagem só de ida,
que um dia compramos, por nos terem dado à luz
mas foi só por um dia.

Eu

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Lago

Nesta manhã
eu acordei chorando tanto
que criei um lago.
Vi minha imagem nele,
até me apaixonar por ela.
Até que parei de sentir pena,
do meu egoísmo,
do orgulho ferido,
do tempo perdido.
Depois,
me banhei nele,
até me afogar.

Eu

domingo, 1 de abril de 2007

Pessoas

Existem pessoas
que sem pedirem licença
entram pela vida da gente.

Existem pessoas
que marcam o passo,
de tão vazias que são.

Existem pessoas
que passam pela gente
mas não passam,
ficam eternamente.

Existem pessoas
que passam pela gente,
mas não passam
porque a vida não passa por elas.

Existem pessoas
que passam
e quando passam
você tenta acompanhar o passo
mas perde o compasso.

Existem pessoas
que estão tão altas
quando passam pela gente
que nem alegres ficamos.

Existem pessoas
que depois de passarem
nem esperança nos resta.

Existem pessoas
como você
que quando passam
a gente disfarçar
é porque quem passa
vai marcar sua vida.

E se não passar
nem esperança nos resta
e se passar
é como sempre tivessem passado
e se embora for,
nem passado nos restará.

E se passar
é a vida que passa
e a gente tenta acompanhar o passo
e se perdemos o compasso
é porque você estará
passando tão alto
como qualquer estrela faz
quando sozinha está.

Deixando a gente a pensar
no brilho que seria
passar a vida ao seu lado.

Eu

ILUSÕES


Falar em Amor, não é amar.
EU



Quando me oculto e recolho meu sentir, percebo detalhes interessantes sobre o mundo. Ultimamente, fico a observar pessoas, e vejo como muito de nosso mundo é fantasia, ilusão e sonho.

Determinadas palavras são usadas para espelhar situações, que nada tem haver com o que fazemos ou somos. Sem dúvida sinais claros de imaturidade, e falta de consciência de si mesmos. Tal duplicidade de comportamento sempre existiu, mas os meios eletrônicos, a Internet, Orkut e ou sites de interação interpessoal. Aliado a avanços na área de fotografia digital e na medicina de embelezamento. Estão expondo de tal forma estes comportamentos, que chego a crer em loucuras coletivas.

Pensar em ser livre, sonhar com liberdade, falar na mesma, nada tem haver com o fato de ser livre, pois se trata de um exercício, algo que deve ser parte de um passado ou presente. Continuamente renovado.

O mesmo posso dizer do amor, é um sentimento, que vai muito além da atração física, pois como a liberdade, o amor é reflexo de uma efetividade, as relações afetivas devem modificar as pessoas, caso contrário estas pessoas amam somente a si próprias, novamente, um comportamento infantil e egocêntrico. Acho mesmo que vivemos em uma sociedade, em que poucos amam, porque amam somente a si próprios. Ora, não se ama alguém em discursos, em propaganda, se ama alguém, dentro de uma relação de troca, em que ambos os pares do casal, cresçam e amadureçam. Amar é um exercício diário de convivência, buscando objetivos em comum, ou um precisar mútuo de troca de afetividade. Diria mesmo quem mais ama, como quem mais é livre, não precisa da propaganda, da fantasia, porque já vive concretizando o que os outros apenas propagam.

Parece que no mundo atual as pessoas que mais falam, nada tem a dizer, as que mais aparecem, nada além do que aparentam, ou seja, um vazio, ecos vazios de si mesmos. Como um jogo de múltiplos espelhos a rebater infinitas vezes o nada, basta a quebra de um deles, para vermos a farsa. Um mundo real de farsantes se passando por seres. Bem vindo senhores as minhas viagens.

EU

Ser Sábio


Já houve um tempo em que acreditava no conhecimento, na cultura, procurava erudição, parecia ser o caminho para ser sábio, entender o mundo, escolher o melhor, chegar próximo à perfeição. Mas neste caminho acabei por perder o rumo, não sei bem como começou, era tudo muito fácil, aprender, entender e progredir, sobretudo a idéia de tornar-me um ser humano melhor mais capaz e lúcido.

Porém, parece mesmo que não podemos viver entendendo a vida, ela não é um acontecimento para ser apreendido, mas ser sentido. Perdi-me na racionalidade ou quando comecei acreditar na racionalidade da vida, como forma de progressão de meu espírito, só muito tempo depois percebi, o que nos faz ser, seres melhores é a afetividade, só existe troca verdadeira, quando estamos dispostos a nos entregar ao momento.

Nos campos das idéias se dá oposto, não podemos nos entregar a elas, devem ser vista com desconfiança, critérios e exatidão. Como é possível que a ciência e o conhecimento a respeito do mundo, da vida, nos afaste do sentimento, ou mesmo sentido da vida?

Parece mesmo que a verdadeira sabedoria é ser capaz de conciliar, esses dois extremos, o exercício de fato de nossa existência com a capacidade de entendimento do fato de nossa existência. Uma contradição sem dúvida, pelo que pude perceber, tarde demais, é que somente pela entrega afetiva tal união de universos poderiam ser feito.

Proceder assim é quase uma arte, da qual não temos o controle, pois vários fatores convergem para que sejamos capazes ou não de realizar essa união. Percebi tarde demais que não poderia fazer uma escolha racional, dado que a formação de uma personalidade, não se dá através delas. O caminho que nos leva até um ponto qualquer de nossa existência, não é algo que possa ser pensando, dirigido, de forma a obter essa verdadeira sabedoria.

Portanto, ser sábio não é uma questão de simples obtenção de conhecimento e cultura, mas ser capaz de conciliar eles, com experiência de vida afetiva, todo conhecimento tem limites, como toda a experiência, ser sábio é conhecer estes limites, sabendo que uma vez ultrapassados não poderemos mais voltar atrás, como a perda da inocência, é um fato único, uma vez cruzado o portal, não mais teremos retorno, e ao que tudo indica foi o que fiz, como todo estúpido que pensa ser sábio.

Deste modo, perdi por completo o prazer em viver, porque percebo o momento antes de ocorrer, viver depois da quebra do mistério, é existir de forma indireta, como se estivesse controlando uma marionete de mim mesmo, num palco em que não sou o diretor, nem o autor da peça, apenas passei a ser um membro da platéia que já sabe o fim da peça, antes mesmo dela começar.
Eu

O ESTILO

Em texto anterior, falei que sobre o fim da arte como categoria histórica, pelo menos como a conhecíamos. Mas nos tempos modernos, aonde todos podem ser “artistas”, é a forma, o como fazer, que diferencia um artista dos outros mortais, talvez a verdadeira arte moderna. O estilo é, fazer algo, alguma coisa de forma ou jeito especial. O estilo é a construção de um modo de se conduzir próprio, que não precisa de conteúdo significante.

Desta forma um animal pode ter estilo, porque boa parte da raça humana não tem conteúdo significante. Assim, os gatos costumam ter muito mais estilo que a maior parte dos humanos. Agir de forma singular é a base do estilo, é claro nem toda a singularidade tem estilo. Ser singular apenas, não faz uma pessoa ter estilo, mas agir de forma singular consistentemente, é à base do estilo.

Como o estilo pode ser racional ou não, instintivo ou não, todos os seres podem ter estilo. Até os loucos. Mas ter estilo, viver com estilo, com conteúdo e forma, é um passo adiante, talvez seja a nova forma de arte. Não apenas agir com estilo, mas ter estilo no que faz, e qualidade do que faz. É o estilo em dobro, forma e conteúdo.

Assim, podemos perceber estilo apenas nos movimentos de uma pessoa, o fazer já a determina, ela já faz arte, mas o verdadeiro artista é aquele que sabe se mover, mas também sabe para onde está se movendo. Além de ser, ele sabe, e sabe que é, ou seja, o verdadeiro artista tem consciência de ter estilo, e o utiliza-o para expressar um conteúdo significante.

Uma mulher sensual tem estilo, com consciência de tal fato, é uma artista, mas quem sabe além, é usar o que sabe para fazer um conteúdo, é genial. O estilo é a marca da genialidade, um ser singular que se diferenciou por diversas formas das outras pessoas. Mas existem pessoas que tem estilo, mas quando o usam com consciência, perdem o mesmo, é a caricatura, o canastrão, o esteriótipo. Em suma, perdem a naturalidade quando a racionalizam, não evoluem quando tentam dar conteúdo significativo ao estilo, e em nome deste objetivo perdem o estilo de forma. Portanto, se perdem por completo.

O mundo atual vive em torno da moda, do modismo, nada mais que um estilo fabricado, mas quem tem estilo, não é vanguarda de modismo, mas pode ser copiado. É antes de tudo, um ser humano que se completou, tornou-se uma figura única, pode ser só na forma, sem conteúdo, pode ser nos dois. Mas conteúdo sem forma é a arte do passado. No mundo moderno, a forma, o fazer, o agir é o estilo, pode ser desde beber água no gargalo de uma garrafa, até ser solista de uma orquestra, o estilo não está ligado, necessariamente, a uma complexidade ou ao domínio de uma técnica.

Ter estilo é fazer algo simples, de forma que a mesma seja notada. Ter estilo é ser notado, mas ser notado, não é aparecer, ser conhecido. Pode ser, que alguém com estilo seja notório, mas a notoriedade não faz alguém ter estilo. As centenas de celebridades sem estilo são a prova viva. Dá mesma forma existem modelos com estilo, e modelos da moda. Como poucos são capazes de identificar quem tem estilo, dos que apenas estão na moda. O estilo passa muitas vezes desapercebido.

Por sinal, as carreiras com maior necessidade de estilo, são as mais notórias no mundo moderno, modelos, atores, políticos e tantos outros performáticos da aparência, precisam de estilo, fabricados ou não. Por que ter estilo, também é bom senso, bom gosto, equilíbrio diante da situação, saber e controlar o tempo. Não é possível esperar um estilo de conteúdo num modelo de 14 anos, mas podemos ter certeza que o estilo da forma, neste caso, está ligado à aparência física, é certo que a grande maioria serão apenas marionetes pré-fabricadas, a moda, ou estilo artificial.

Determinadas atitudes, tomadas por pessoas diferentes, uma pode ter estilo, já na outra, ser mero reflexo da moda. Ter estilo não é ser cool, mas saber agir conforme a ocasião, ter feeling, para distinguir quando e aonde, eu posso fazer determinado ato, e a forma de fazê-lo, saber a dose certa, quase por instinto, porque aquilo é natural para você, ter estilo é ser natural, agir como você em qualquer ocasião, quem tem estilo, conhece o mundo, no entanto, age como se ele não estivesse ali. Ser natural é ser você, ser o que sua personalidade é, e não representar algo distante, ter estilo, é ser seu próprio personagem, sabendo seus limites e agindo conforme eles, a despeito da situação.

Ignorar o mundo com o estilo, não é ser anti-social, mas agir de tal forma, que o mundo em sua volta se molde a sua vontade ou o deixe agir, percebendo em você uma naturalidade para a transgressão, a quebra de limites, enfim, ser você, sem invadir o espaço alheio ou fazê-lo com uma permissão tácita do meio social.

No mundo atual, ter estilo, muitas vezes é confundido com a sedução, seduzir pode ser uma arte, mas quem tem estilo vai além da sedução, porque sabe que esta forma de agir é infantil, crianças não têm estilo, ao contrário dos animais. A sedução com estilo, tem que haver a entrega final, ou seja, ter coragem para apagar o incêndio que você iniciou. Também é saber ser solitário, multidões não tem estilo, o estilo é elite, e elitista, por sua própria natureza, porém, não é fútil, nem esnobe.

Não somos alegres ou tristes, mesmo porque, antes de tudo não somos estúpidos, ser alegre, ou aparentar alegria de modo contínuo é sinônimo de vazio na forma e no conteúdo. Mas quem tem estilo, sabe rir de si mesmo, sabe brincar com outros e a vida, contudo, sabe quando tem que entrar em guerra com o mundo.

Eu