Prólogo
Gostaria de explicar, ao menos entender porque comecei a escrever poesia ou algo do gênero, e como tudo começou. Minhas lembranças me levam, antes mesmo de minha adolescência, independente da minha vontade, parece ser tudo coisa da estupidez do momento ou obra do acaso. Como explicar a vida ou uma existência?
Também não se trata de um dom, escrever como faço é mais um tipo de compulsão, esta aqui é a minha. Assim, convido o leitor a tentar entender minha viagem de vida, meus pensamentos, delírios e outras loucuras próprias. O que procurava? Nem sei, mas não consigo viver sem pensar, sentir sem registrar tudo em algum lugar, o transcrito aqui é o transbordar da minha individualidade, além do suportável por ela.
Se é possível definir o que faço, o leitor verá como o lirismo, o romantismo, o niilismo e a inocência perdida se fundiram de tal forma, tornando um ser perdido e apartado do momento. Minha energia se foi, e o Universo que a tenha em bom lugar. Decidi que esse momento era o propício para iniciar este projeto, não me perguntem porque, não tenho esta resposta no momento.
Os textos postados aqui são de minha autoria , não estão em ordem cronológica, mas conforme os postarei aqui. Sempre assinei meus textos com o pseudônimo "EU". Nem tudo será poesia, nem tudo será coerente ou sábio. Afinal, posso ser tudo, menos sábio...
EU
sábado, 7 de novembro de 2009
Cacos
por um esbarrão
A louça
ao se quebrar
em múltiplos cacos ficará
Não em dois
Pois na natureza
nada é único
Tudo é plural
Só a obra humana
é geométrica e plana
Só a nós foi dada a ilusão
de sermos apenas um
Por breves momentos
Então
Podemos ser como nossa obra
Únicos
Ainda que efêmeros
Por fim quebraremos
em infinitos pedaços
Talvez aí
sejamos inteiros
No mais
somos todos mortais.
Eu
domingo, 1 de novembro de 2009
Mundo Imaginário
Afinal, o estilo é aquilo que diferencia o meramente comercial, do comercial com conteúdo artístico. De outra forma, é o estilo que diferencia o modismo, da vanguarda, a cópia, a falsificação do original. Ter estilo é ser criativamente natural. Ser diferente mesmo não querendo, ser apartado mesmo querendo ser comum.
É o estilo que diferencia a pornografia do erotismo, a sofisticação da futilidade, a riqueza da ostentação. Ele é a estrela que brilha, mesmo longe do foco. Uma linha tão tênue quanto possível. Porque duas obras com o mesmo conteúdo, uma poderá ter estilo e a outra não, assim como duas ações com a mesma finalidade.
A excessiva visualização em nossa sociedade, apenas demonstra à obsessiva busca por estilo, sem, no entanto, chegar a ele. A saturação não leva ao estilo, não eleva ao ser, apenas enfatiza o vazio da aparência. Trata-se da armadilha estética multiplicada pelo egoísmo e o egocentrismo. Nossa sociedade é um ente vazio de estilo, dominado por modismos e o egocentrismo é seu centro. Até o egoísmo perdeu sua vez, em nosso universo autista.
A imagem pode ter estilo natural, pode ser modificada e manipulada de forma mais radical em busca do estilo, não requer conteúdo construído, pode ser apenas o estilo instintivo. Assim, é a melhor das escolhas para nosso conjunto vazio moderno.
Por fim, a estética tornou-se jovem, ou melhor, um culto a juventude, um horror ao envelhecimento, e por fim a morte. Afinal, o culto total ao parecer, deve ser mantido sobre a crença que durará para sempre. E como tudo é vazio de conteúdo, o acumulo dele que a experiência trás, não deve ser mostrado, melhor pode até dirigir o show, mas nunca participar dele.
Não existe forma melhor aqui que uma mulher jovem e bela, sua superexposição será feita até o limite, por fim, será descartada, por outra mais jovem, afinal o espetáculo não envelhece, só seus artistas. E ter estilo é o oposto, ele nunca envelhece e não depende da beleza estética. Pode ser natural ou adquirido pela experiência.
Ter estilo é antes de tudo assumir nossa perenidade e a frugalidade do presente. Somos nós que passamos, deixados para trás pelo tempo.
Eu